Bastidores do mapeamento da distribuição da ave
Weber Girão
Uma equipe de sete pesquisadores esteve nas encostas da Chapada do Araripe em busca de conhecer a distribuição de um dos pássaros mais ameaçados de extinção do mundo - o soldadinho-do-araripe. O desafio consistia basicamente em visitar cada uma das 128 fontes d'água onde o pássaro poderia ocorrer, para então escutar seu canto. Apenas durante poucos dias no ano esta ave canta o suficiente para que a atividade seja relizada a contento, o que forçou a equipe a trabalhar em um ritmo intenso.
Durante o trabalho foram reencontrados antigos colaboradores, como o jovem Edmundo, que também ajudou a localizar fontes d'água na campanha anterior, quando tinha apenas 12 anos, e agora com 18, voltou a contribuir com a conservação da espécie. Entretanto, outros encontros foram um pouco mais delicados, como as quatro serpentes localizadas por Diogo Veríssimo, sendo três delas peçonhentas. A única serpente que não era mortal passou com grande velocidade entre seus pés e abocanhou um lagarto, tendo provocado um susto, apesar do espetáculo natural.
Para localizar as fontes, Alberto e Diogo contaram com o apoio da população local, cuja ajuda foi imprescindível, incluindo um guia mudo, acompanhado de seu intérprete. Todavia, o maior indicador da presença das fontes acabou sendo o próprio soldadinho-do-araripe, que com seu canto revelou nascentes d'água desconhecidas até mesmo pelas pessoas da região. Espinhos de palmeiras macaúba quebraram dentro dos braços e pernas de dois pesquisadores (Fábio e João Marcelo), sendo extraídos em cirurgias improvisadas, quase medievais. Tudo pela conservação do pássaro!
Apesar dos percalços as recompensas foram boas, pois Jason viu o soldadinho-do-araripe pela primeira vez na vida, tendo considerado uma das aves mais impressionantes que já conheceu, e Diogo complementou: "É um prazer contribuir para o mapeamento do habitat de uma das aves mais ameaçadas do mundo. E cada vez que vejo esta ave sei que não podemos deixar que desapareça do nosso planeta”.
Ainda segundo Diogo: “O trabalho de mapeamento do habitat do soldadinho-do-araripe é um passo fundamental no conhecimento e conservação desta espécie. Como biólogo não é todos os dias que podemos tomar parte activa na conservação de uma das aves mais ameaçadas do mundo. Por isso é com todo o gosto que colaboro com este projecto”.
Da esquerda para a direita, de cima para baixo: Jason Mobley, Karina Linhares, João Marcelo, Alberto Campos, Weber Girão, Diogo Veríssimo e Fábio Nunes.
Edmundo antes (foto: Alberto Campos) e depois.
Diogo e guias mirins. (foto: Alberto Campos)
Olha a jararaca!!! (foto: Alberto Campos)
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
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