Ave pode ser mais protegida contra extinção
Weber Girão
Nem todas as espécies ameaçadas estão no mesmo grau de perigo. Cada uma apresenta particularidades e uma classificação internacional é usada para agrupá-las em categorias, facilitando a aplicação de estratégias de conservação e permitindo que prioridades sejam eleitas. A União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) desenvolveu uma metodologia genérica aceita em muitos países, contando com as seguintes categorias de ameaça:
Extinta (EX)
Extinta na Natureza (EW)
Regionalmente Extinta (RE)
Criticamente em Perigo (CR)
Em Perigo (EN)
Vulnerável (VU)
Quase Ameaçado (NT)
Menos Preocupante (LC)
Dados Insuficientes (DD)
Não Aplicado (NA)
Não Avaliado (NE)
O soldadinho-do-araripe é uma das espécies brasileiras com mais informações disponíveis para que os critérios sejam bem aplicados. Estes critérios são divididos em cinco tópicos avaliados independentemente, sendo priorizada a classificação mais grave. Os tópicos de avaliação são relacionados aos seguintes temas: (A) Redução de População; (B) Distribuição Geográfica; (C) População Pequena em Declínio; (D) População Muito Pequena; e (E) Probabilidade de Extinção.
O critério (A), por exemplo, serve para espécies que hoje parecem ocorrer em grande quantidade, mas que sofreram uma violenta e recente redução. O pombo-passageiro (Ectopistes migratorius), espécie norte-americana hoje extinta, foi a ave mais abundante do mundo e sua extinção parecia impossível. No momento em que seu declínio fosse maior do que 90% da população original em uma década, o alarme de espécie CR teria se acendido. Lamentavelmente, a IUCN só foi criada em 1963, enquanto o último pombo-passageiro morreu em 1914. Este critério não se aplica como CR ao caso do soldadinho-do-araripe, pois sua população, apesar de ter sofrido grave redução, não passou por esta crise na última década.
O critério (B) é dividido em duas partes: B1, referindo-se à extensão de ocorrência atual da espécie; e B2, relacionado à sua área de ocupação. No caso de B1, a extensão de ocorrência atual do soldadinho-do-araripe tem 31 quilômetros quadrados, configurando a espécie como CR. Para sair desta condição para EN, esta cobertura florestal teria de ser um pouco mais que triplicada, superando 100 quilômetros quadrados. Na situação de B2, a área de ocupação do soldadinho-do-araripe o classifica como CR, mas esta condição poderia ser revertida se o declínio fosse cessado e dez nascentes fossem restauradas e reflorestadas, sendo repovoadas pelo pássaro. Desta forma, mais de 10 quilômetros quadrados lhe serviriam de área de ocupação, permitindo sua reclassificação como EN.
O critérios (C) classifica o soldadinho-do-araripe como EN, enquanto o (D) indica VU, estando ambos os casos relacionados ao fato de existirem mais de 350 exemplares maduros. O critério (E) tem informações para ser avaliado, contudo, é necessária a operação adequada de softwares que calculam probabilidade de extinção, encontrando-se tal estudo em andamento. Desta forma, o soldadinho-do-araripe permanece como uma ave Criticamente em Perigo de extinção, podendo ter sua condição controlada desde que: cesse a degradação do seu habitat; pelo menos dez fontes onde a ave não existe sejam recuperadas e ela torne a ocupá-las; e as matas de encostas sejam restauradas, especialmente em Missão Velha.
Assista uma matéria veiculada na televisão local sobre parcerias que ajudarão a nos aproximar desta realidade (clique aqui).
Para saber mais sobre a classificação de espécies quanto ao seu grau de ameaça, visite o seguinte endereço (clique aqui), que fala sobre plantas, mas cujos critérios se aplicam à fauna.
sábado, 26 de fevereiro de 2011
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