Weber Girão
O ano de 2011 ainda está no começo, mas já faz repensar como é nossa relação com a natureza, seja na escala local ou global. O Rio Granjeiro nasce sob a cantiga do soldadinho-do-araripe, mas ao longo de seu curso não é tratado com o devido respeito. Suas águas são desviadas em canos, recebe esgotos e tem margens desmatadas. Ele sai morto da primeira cidade que passa, conduzido em um canal de concreto. Em janeiro deste ano o rio não suportou as chuvas e a cidade do Crato ficou coberta de lama, parcialmente destruída por inundações. Agora é impossível ignorar o rio.
Acidentes nucleares e o aquecimento global mostram que não temos para onde fugir. Só nos resta debater e mudar o nosso modo de vida. Neste momento, pressões políticas determinam quanta mata será protegida ao longo dos rios brasileiros, enquanto estudos técnicos são deixados de lado. Sob o pretexto do desenvolvimento econômico, avaliações ambientais são entendidas pelos governos como obstáculos.
Contudo, ainda há esperança. Mudanças estão acontecendo aos poucos, e poderão amenizar o sombrio futuro previsto pela ciência. No dia 29 de março a população do Crato fez uma passeata ao longo do Rio Granjeiro, conclamando a sociedade para uma discussão na universidade mais tradicional da cidade. Na ocasião, diversas autoridades ambientais responderam aos questionamentos de representantes de ONGs e moradores da beira do rio e de outras partes do município. "Rio Granjeiro até Quando?" Esta foi a pergunta que nomeou o evento, que foi promovido pelo Fórum Araripense de Prevenção e Combate à Desertificação, do qual o Projeto Soldadinho-do-araripe faz parte (ver link).
A destruição das paredes do canal deixou a margem do rio vulnerável à erosão, e uma escola ameaça cair caso nenhuma providência seja tomada. Os alunos deste colégio particular participaram do evento, mas estudantes do ensino público também puderam debater o assunto. No dia 25 deste mês, cerca de cem crianças de uma escola municipal desta cidade assitiram uma palestra interativa sobre a natureza. O soldadinho-do-araripe foi o símbolo que permitiu correlacionar temas como cidadania e conservação ambiental, auxiliando alunos e professores da escola Aldegundes Gomes de Matos.
Palestra na Escola Municipal (Foto: Cristina Vitorino), passeata (Foto: Karina Linhares) e debate na universidade.
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